Pôquer Arte

Saudosismo - suposto sistema filosófico, baseado na saudade; fidelidade a idéias e costumes que já não existem.

Em tempos onde frases como “Vou viver de pôquer” e “Não vejo hora de tirar a grana dos trouxas” estão sempre na ponta da língua dos jogadores e a batalha por posições no ranking transforma amigos em inimigos, oito bravos senhores mostraram que ainda é possível jogar pôquer pelo simples prazer de jogar. Na linguagem do velho esporte bretão, podemos dizer que voltamos aos tempos do ‘Futebol de Rua’.

O jogo aconteceu nesta quarta-feira à noite, na lendária Coimbra Poker Arena e, mesmo com algumas tentativas de boicote, foi um sucesso. Ao final da partida o Presidente do Poker de Segunda, Alberto Coimbra, desabafou: Ao contrário do que andaram dizendo por ai (claramente se referindo a Eduardo ‘Mocochoc’ Torres) o satélite foi muito divertido. Agora ele deve estar em casa chorando a derrota do Fluminense. Quatro membros da escola dele estiveram presentes provando que como líder ele dá um bom bufão – concluiu o Sr.Coimbra.

Partida marcada pelo equilíbrio

Com o sistema de rebuy alterado, para aumentar a duração da mesa, tivemos uma noite de altos e baixos, por parte de todos os jogadores.

No ‘primeiro tempo’ o destaque foi o jogador Felipe, que conseguiu multiplicar suas fichas com boas jogadas e acabou sendo o único a não dar rebuy. Também é preciso destacar as jogadas esdruchulas de “Mãe KK” que entregou seus dois primeiros cacifes de bandeja. Porém, o limite estabelecido em dois rebuys permitiu que todos passassem à etapa final.

O primeiro a deixar a mesa foi o jogador Rebello que sofreu duas derrotas em allins para o jogador Jaime. Reclamou muito do azar, embora tenha saido dominado nas duas vezes : A5 vs AK e KQ vs AK. O segundo a rodar foi o técnico das Montanhas, seguido pelo Presidente Coimbra que foi muito prejudicado por um bad beat monstruoso (o pior da noite) na mão do rebuy e entrou com uma quantidade pífia de fichas na reta final.

KK que após algumas instruções do Manager Hora e Coach Duff deixou de ser uma mãe, lutou muito, mas não conseguiu fazer frente aos jogadores mais experientes. Na seqüência tivemos mais uma demonstração de garra do “Mão de Almofada” que mesmo estando bem atrás conseguiu reverter a situação e eliminar o bom jogador Felipe, que se precipitou em pagar um all in com 5 e 2.

A restrição de prêmios para primeiro e segundo lugar tornou a disputa entre Duff, Hora e Jaime decisiva. O terceiro, se aproveitando da vantagem em fichas, se deu ao luxo de pagar diversos raises e foi em um desses que o biribol voltou a atacar e mandou Duff para o espaço com dois K na mão. Flush no coitado!!!

Foi então que aconteceu um dos momentos mais inusitados do pôquer mundial. Um heads-up ‘ala Maverick’, ou seja, cartas totalmente fechadas. Uma atitude impensável no mundo capitalista de hoje, onde as motivações econômicas estão acima das outras. O Dr.Hora foi derrotado logo na primeira mão, porém não vou me estender comentando a minha vitória. O importante é que por uma noite, a alegria e a irreverência voltaram às mesas.

J. Ferreira

Ps: Resisti bravamente a não comentar do Fla-Flu, só não pude mudar as palavras do Alberto. Fica aqui minha manifestação de alegria.